Simplesmente Feliz!
Antonio ia saindo de casa à beira de uma estrada que dava para a rodovia, quando viu um senhor com uma caminhonete carregada de legumes, verduras, frutas e hortaliças, com um dos pneus furado. Sem dúvida, ia ser bastante trabalhoso mudar o pneu, pois teria que descarregar boa parte da carga. Escutou o “Bom dia!” e não teve como não se dirigir ao homem. Sorridente, apesar da situação, perguntou se podia dar uma ajuda. Não tendo como, arregaçou as mangas e se dispôs a dar sua colaboração. Apresentaram-se e Jonas ia conversando enquanto faziam o serviço. Eram quase da mesma idade, ambos aposentados, com família, filhos e netos. Antonio se surpreendeu quando Jonas lhe disse que era agora, saudável e não precisava mais de remédios. Aprendera, aos setenta e cinco anos, a ser feliz. Não entendi! Como você não precisa de remédios? Não tenho tempo de pensar em nada ruim, trato todos bem e sou ansiosamente esperado quase todos os dias. Distribuo alimentos para os mais necessitados e acredite, suprindo necessidades dos outros, as minhas diminuem ou acabam. Como assim? Por não ter nada para fazer, vivia cobrando atenção, reclamava dos filhos, criticava os amigos e o que era pior remédio até para insônia. Agora, durmo bem, acordo cedo, vou carregar meu carrinho, me emociono com os agradecimentos e casos que escuto, minha esposa passou a ser melhor comigo, pois eu parei de falar os erros de filhos e netos. Durmo depois do almoço e ainda arranjo tempo de toda tarde bater papo no bar com meus amigos. Antonio viu retratada na história de Jonas, a sua própria. Tudo o incomodava, se não fosse feito como desejasse. Reclamava de tudo e se achava explorado. Seus remédios eram para ele uma necessidade, pois não podia deixar de consumi-los. Que fazer? Continuou a ouvir o outro, agora bem mais interessado. Acabaram o serviço, e Jonas o convidou para experimentar a distribuição e também a almoçar com ele no domingo próximo. Toda semana sua mulher fazia um delicioso cozido e a família se reunia. Garanto que você vai gostar! Dois meses depois os dois eram amigos e companheiros de trabalho. Antonio já tinha seu próprio transporte, e só tinha a agradecer ao pneu furado à beira da estrada. Era outra pessoa. Aprendera a ser simplesmente, feliz!
(Lawrence Jourdan)
