Reunião IASFA 05.11.2014

Publicado em 5 de novembro de 2014

Reunião IASFA 05.11.2014

NUMA ESTRADA DE BAGDÁ

 

Já era quase ao entardecer, Bagdá preparava-se para mais uma noite de orgias e deslumbramento, onde os residentes e viajantes, se acotovelavam entre afugentar as fraquezas e esquecer as mágoas do dia-a-dia, através dos excessos de todas as maneiras. Quanta ilusão!

ESPERANÇA era uma bela jovem, de cabelos negros e sedosos, esguia, meiga como uma flor em botão, andarilha, à procura de alento e de paz.  Não tinha família. Vivia só e sem paradeiro.

A jovem, como se estivesse hipnotizada, caminhava por uma estrada poeirenta, sob o sol causticante, com olhos cansados e, triste de tanto chorar pelos desenganos que sempre presenciara e adquirira através de suas tristes experiências de vida. 

Exausta, faminta, maltrapilha, extremamente só, viu, à beira da estrada, uma sombra acolhedora. Decidiu sentar-se para um breve descanso antes de continuar sua peregrinação, quando de repente, à sua frente, encontrou-se com um belo jovem em seu alazão, esguio, sorridente, belamente trajado, que dirigindo-lhe a palavra, perguntou:

– Onde vais bela menina?

Ela sem se aperceber do que acontecia, quis proferir algo em resposta, porém nem ela própria discernia ou sabia para que destino deveria seguir, entretanto, em breves linhas, disse-lhe que ainda não poderia dizer, mas tinha que chegar a algum lugar.

Ele aproveitando-se da ocasião, convidou-a com polidez para acompanhá-lo, puxando-a pelas mãos, dizendo-lhe que a levaria a sua residência e lá ela estaria segura e se sentiria muito feliz.

Ela não hesitou e o acompanhou. Lá chegando, foram recebidos calorosamente por dois cães negros que se enroscavam entre as patas do puro-sangue, e por outro jovem, também sorridente e bem vestido, entretanto, de seus olhos, felinos e profundos, faiscavam a curiosidade e a maledicência. Enfim, era a personificação da maldade que lhes convidou para entrar.

 No interior do belo castelo, com torres recobertas em mármore, que pareciam tocar o firmamento, todo o mobiliário mostrava, aqui e acolá, luxo, bom gosto, elegância. Tapetes espalhados pelos imensos salões, telas de pintores renomados cobriam as paredes, porém, a humilde ESPERANÇA, não se deixara levar pelo que era mostrado. Ela observara atentamente o ambiente, e algo de estranho que ela não sabia explicar, lhe oprimia o peito, pois tudo que via transparecia tristeza, frieza, melancolia, tudo era árido, sem vida, sem calor, e ao redor dos muros altos que circundavam a propriedade, somente cáctus eram plantados. Após segundos de profundo questionamento, foi-lhe apresentada uma senhora bem apessoada, que gentilmente lhe convidou a conhecer as demais dependências do castelo. Ela observou que os jardins e pomares eram tristes e improdutivos.

 Ela, sentindo-se curiosa, perguntou ao cavalheiro que a conduzira:

– Qual o teu nome?

 Ele, sorrindo, prontamente lhe respondeu:

– Eu me chamo EGOÍSMO.

– Qual o nome do teu irmão, então?

Imediatamente o jovem disse: Meu irmão chama-se ORGULHO.

– Qual o nome da tua genitora?

– A minha mãe chama-se INVEJA.

ESPERANÇA, libertando-se das mãos do cavalheiro, abriu as portas da bela mansão-tristeza, pôs-se a correr, correr sem destino, até onde suas energias agüentassem. De maneira alguma gostaria de rever aquelas criaturas novamente. Pensava em sua ânsia que estivesse em pesadelo. Não mais suportaria ser enganada, ultrajada, queria somente encontrar a paz.

Parou, e novamente a chorar, ficou pensativa, tendo a certeza de que outra vez estaria só em sua procura incessante pela libertação. Viu-se, quando do início de sua caminhada, como estava cansada, desiludida, sem amigos, porém necessitada de experimentar os caminhos da vida.

De repente, como se as mesmas situações se sucedessem, lhe apareceu um outro jovem, a quem não quis de maneira alguma dar a menor oportunidade em ouvir palavras elogiosas que eram proferidas por aquele anjo, da boca do qual fluíam melodias em louvor à vida, à natureza e a tudo que JESUS criara, fazendo com que ela, sem notar, se sentisse energizada, confiante e tranquila.

Após relutar incessantemente aos convites do garboso gentil-homem, aquiesceu aos chamamentos e lhe acompanhou até sua residência.

As cenas se repetiam, pois, em lá chegando, foram prazerosamente recebidos por outro jovem, que trazia em seus braços flores de todos os matizes, colhidas nos jardins. Este com um sorriso de mil palavras, as ofertou como boas-vindas.

Ao entrar no recinto, vislumbrou uma senhora que observava à distância toda a propriedade que resplandecia em regozijo e esplendor. Quando a senhora os avistou, ESPERANÇA, em seu íntimo, tinha a certeza que ali encontraria, finalmente, o que tanto procurara.

A matrona, de olhos suaves, cabelos grisalhos, sorriso majestoso, se aproximou lentamente. Porém, ainda amedrontada pelas coincidências, repentinamente quis fugir, mas foi impedida pelo primeiro cavalheiro que a convidou para sentar.

À maneira de um animal coagido, ESPERANÇA atreveu-se a perguntar ao jovem:

–  Qual o nome do teu irmão?

Ele respondeu: Meu irmão se chama PERDÃO.

– E o nome de tua mãe?

A senhora, com um breve sorriso respondeu-lhe: – Eu me chamo CARIDADE.

ESPERANÇA, sorridente e confiante, perguntou ao jovem:

– E qual é o teu nome?

Ele, fixou seus olhos nos da bela jovem e disse com voz suave:

– Eu me chamo AMOR!

 

ATÉ SEMPRE   Fernando Cesar


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