A Força do Bem
Filho de uma família numerosa, Bento só via sua mãe sempre dividida com trabalhos diversificados e intensos. Com ela aprendera a lutar pelo que desejasse. Desde pequeno sentia verdadeiro prazer em pular de lugares altos sentindo o vento no rosto. Apesar dos conselhos da mãe sobre o perigo, adorava mergulhar da pedreira que circundava o rio próximo de sua casa. Acalentava o sonho de ser trapezista. O tempo passou e arranjou um emprego onde ajudava no sustento da casa. Um dia para sua felicidade um circo chegara à cidade. Logo que pode, dirigiu-se à administração e conseguiu um trabalho temporário de servente. Como era bastante comunicativo e entusiasta, nas horas vagas, aproximava-se do trapézio e logo começou a treinar. Ajudado pelos novos amigos seu talento logo foi notado. Todos se admiravam da sua agilidade, e tanto treinou que foi aproveitado como trapezista. Com a alegria de fazer o que gostava, viajava de cidade em cidade com o circo. Comprara uma velha moto e assim tinha oportunidade de conhecer mais lugares nas horas vagas. De repente, parou e observou: um grupo de meninos se divertia com o pavor de um cachorro que colocaram no telhado de uma casa. O cão parecia apavorado. Bento, sem dificuldade, colocou-o no chão e virou para os garotos com autoridade: E se eu colocasse um de vocês no alto também? Iam continuar rindo? Onde o respeito? Olhares inseguros! Não tem o que fazer? O grupo foi dispersado e sobrou o cachorro. E aí Bicudo? Que faço com você? Colocou-o delicadamente no bagageiro da moto e andou pelas redondezas para que alguém pudesse identificar o cãozinho. Nada conseguiu. Levou Bicudo para o alojamento dando-lhe água e improvisando comida. O cãozinho adormecera e ficaram inseparáveis. Por ser um funcionário íntegro e querido por todos, com recomendações e regras específicas foi permitido que ficasse no circo. Naquele domingo à tarde, com as cordas ainda baixas, Bicudo pulou em seu colo, adaptando-se entre elas. Aplausos! Um novo número! Sucesso total! Bento lembrou-se como encontrou Bicudo e das palavras da mãe: filho, nunca deixe de fazer o bem!
(Lawrence Jourdan)
