Ciranda da Vida
Edu, já cansado, levado por um patriotismo que infelizmente já não acreditava, por não ser mais aquele jovem que achava que podia “mudar o mundo.” Pensando nas injustiças sociais e influenciado por amigos, com esforço, integrou-se nas manifestações políticas. Já descrente por tudo que percebia e tinha convicção, resolveu entrar num bar e tomar uma água. Sem querer relembrou o menino que fora, filho de pais pobres, honestos e trabalhadores, e com saudades do tempo que tudo era sonho e fantasia, nos brinquedos construídos com sobras de madeira, borracha e criatividade. Luta, garra, dinamismo numa adolescência difícil e pautada por bons exemplos de respeito e integridade. Agora já amadurecido e um pouco descrente no ser humano, sentia-se um tanto marginalizado pela corrupção e violência.
Moço, pode me ajudar? Sou Serginho e estou perdido. Moro na comunidade Vassourinha e, não sei onde se meteu minha mãe. Sumiu! Mas, o que vocês fazem nesta passeata? Ela disse que temos que nos unir e acreditar que temos força, em nome de Jesus! Sofremos injustiças, mas, aprendemos e crescemos com elas. Fé em Deus, sempre! Edu não teve coragem de dizer o que pensava e passou a escutar o menino que deveria ter uns doze anos. Minha mãe é corajosa e trabalhadora. Ela diz que o exemplo da verdade, honestidade e caridade tem que partir de cada um de nós. Temos certeza que ainda há tempo para mudar para melhor nosso País. Edu, acompanhando o menino, encontrou a mãe, depois de algum tempo e após encaminhá-los constatou que se sentia envergonhado pela sua pouca fé. Quem sabe? O importante mesmo é o exemplo que cada um pode passar para si mesmo, e não desistir, apesar das aparências. Quem sabe que Serginho ainda possa desfrutar de um mundo mais digno, sem tantas injustiças? Procurou seu rumo sentindo-se melhor, mais confiante pelas palavras de um garoto que poderia ser seu filho. É a “Ciranda da Vida.”
(Lawrence Jourdan)