Auto percepção
Ao olhar para uma vitrine Artur visualizou um semblante triste, raivoso, aparentemente sofrido. Sentiu-se surpreso e envergonhado. Lembrou-se imediatamente do comportamento de seus amigos que pareciam distantes e diferentes. O que estava fazendo com ele mesmo? Deixara-se dominar por um pensamento focado em suas aflições e dificuldades. Procurava lugares distantes, solidão, evitava conversas paralelas e tinha dificuldade para dormir. Que diferença do Artur expansivo, alegre cheio de amigos. Sempre tinha uma palavra amiga para com todos. Estava pouco a pouco se transformando em outra pessoa pois deixara-se levar por pensamentos negativos e sempre pessimistas. Pegou o carro pois tinha uma série de coisas para resolver naquela manhã de sábado.
Esquecera-se de como apreciava as primeiras horas da manhã, o sol nascendo e transformando a paisagem. Gostava de caminhar pela alameda florida que conduzia à pracinha onde as crianças brincavam e compartilhavam os brinquedos coloridos. Que fizera de sua vida? De repente parara no sinal vermelho. Um moço, vestido de palhaço, aproximou-se sorrindo, após algumas piruetas e saudou-o dizendo: “Se não sorrir para mim nem vou querer alguns reais para ajudar no leite das crianças!”Artur olhou para aquele jovem e percebeu a inutilidade de seu egoísmo deixando de olhar para os menos favorecidos, o orgulho que o fizera achar que seus problemas eram grandes demais, verificando que não eram problemas e sim contingências que podem ocorrer com qualquer pessoa, e sua vaidade de se achar “coitadinho” e não um homem tendo que confiar em si mesmo, ser dono de seu destino e principalmente confiar em Deus e ter fé! Bendita vitrine!
Lawrence Jourdan