“ LAVO AS MINHAS MÃOS… ”
Assim, em frente a uma multidão de ensandecidos, cegos à razão, endurecidos pela ignorância e famintos de ódio, julgaram e sentenciaram à morte, Aquele ser sensível que perseguido pelo Poder, fez-se cordeiro e doou-Se em nome do amor às investidas das trevas, que julgando-O com parcialidade, tentando turvar-Lhe os olhos, procurando apagar-Lhe a Luz, supondo que as mãos repletas de humildade se cerrassem em ira, que a serenidade estampada na face, desse lugar ao desespero, que o amor que Lhe brotava do coração, se fizesse enfraquecido e o ódio surgisse vitorioso…
Enganaram-se todos…
Escolheram um desregrado, sendo injustos com um homem perfeito…
Escolheram um desequilibrado, sendo partidários da desfaçatez, tornando-se indiferentes ao equilíbrio…
Escolheram um imperfeito, à despeito daquele que trazia nos simples gestos, a grandiosidade dos simples e puros…
Escolheram um homem repleto de máculas, trocando a brandura pelas marcas do mal e da ganância…
Escolheram um companheiro sem honra e dignidade, esquecendo-se e não conseguindo visualizar em um “homem santo”, todo poder e bondade…
Escolheram um indivíduo tido como perigoso e que havia saqueado indefesos, enquanto, abandonado à própria sorte, um anjo indefeso, alimentado pelas forças sublimes do Céu, se doava em nome do perdão…
Escolheram, enfim, o ÓDIO ao invés do AMOR…
AMOR que nada falou em Sua defesa…
AMOR que poderia abrandar os corações de Seus acusadores, mas preferiu o silêncio…
AMOR que espraiou Seu olhar soberano sobre a ignorância, e, mesmo sofrendo e desiludido, ainda, encontrou forças para ver além do desamor…
AMOR que nos instantes mais doridos e tenebrosos de Sua caminhada até o Calvário, pediu ao Altíssimo que O sustentasse na fé, e, que não estivesse só nos momentos de testemunho…
Conduzindo nos ombros o peso da cruz impiedosa, não fraquejou e ainda, ornamentado na fronte, com uma coroa de espinhos, não se permitiu quedar-se diante das fraquezas e ignorância do Homem, e AMOU…
AMOR que nos instantes derradeiros de suplício e dor, AMOU…
E antes que o último suspiro Lhe abrisse as portas iluminadas da Eternidade, ainda encontrou forças no íntimo de Seu ser, vislumbrando o caminho repleto de Luz que O conduziria para os espaços celestes, dirigiu Seu olhar translúcido de amor àqueles que se prostravam ao pé da Cruz, e disse-lhes:
“ Perdoa-lhes Pai, porque não sabem o que fazem “.
Até Sempre. Fernando Cesar. 20.9.99