Uma questão de tempo

Janaina, o que está  acontecendo com você? Parece alheia a tudo. Não quer mesmo fazer parte de nosso grupo? Quem sabe que de repente você se entusiasma de ver a utilidade das peças que fabricamos e  se interessa em ajudar no bazar? O trabalho é um excelente remédio e nos faz esquecer das tristezas. Neste tipo de artesanato eu não me sinto capaz, pois não tenho estas habilidades. Sei que preciso esquecer e que já sofri muito com as perdas de meu marido e minha filha, mas se Deus quiser vou encontrar um novo rumo, uma nova esperança.

Tive uma idéia. Vamos até ao parque? Ainda é cedo e me resta algum tempo. Respirar, entrar e estar em contato com a natureza é sempre vivificante. Somos todos parte desta maravilhosa obra e também tão diferentes.

Depois de algum tempo, Janaina e Sonia estavam diante de um lago cercado de um lindo gramado enfeitado com pedras grandes e lindas plantas. Crianças brincavam e seus gritos se misturavam com outros sons característicos. Realmente; até as  plantas e as árvores eram diferentes em suas nuances, cores, tamanho, cheiros e utilidade. Sonia se despediu e Janaina sentou-se num banco pensativa. Precisava realmente se ocupar  mas, no que gostasse de fazer. Aí sim, se sentiria útil! Alguém ao longe acenava insistentemente. Seria para ela? Nossa! Quanto tempo! Era D. Virgínia, antiga vizinha de sua mãe. Parecia agora ser cadeirante. Aproximou-se e realmente era sua velha amiga. Prazer em revê-la minha filha! Emoção, esclarecimentos, saudades. Quer trabalhar comigo? Lucia está indo embora, pois precisa cuidar da mãe. Vai ser ótimo se você aceitar! Vamos combinar tudo? Alívio, paz!

(Lawrence Jourdan)

“Ide, eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos”. Lucas 10:3

Por quantos caminhos tiveste que percorrer até chegar a este momento?

Quantas pedras  removeste para alcançar os teus objetivos? 

Quantas lágrimas surgiram-te na face, por vezes expressando tristeza,

desilusão, dúvida, traição e dor? 

Noites inúmeras passaste em claro procurando encontrar soluções para as tuas dificuldades.

E dentro de teu coração, embora enfraquecida, a certeza da vitória sinalizava como farol resistente em noites de tempestade, alertando e dirigindo teu barco da vida. 

Quantos companheiros do coração, a quem deste as melhores demonstrações de carinho, afeto e amizade, hoje, se tornaram indiferentes, esquecidos da camaradagem de outrora?

O mundo é o campo onde as ovelhas do Senhor fincam suas raízes e aprendem, pela convivência, a amar e servir.

Infelizmente, ainda, encontrarás os lobos vorazes, perigosos, maledicentes, frios e calculistas.  Muitos surgem com um belo sorriso e atitudes gentis.

Outros mais personificando a bondade, a parceria, a lealdade e quando contrariados, se revelam egoístas e intransigentes.

Existem aqueles que se aproximam com atos fraternos, agindo com simpatia e cordialidade, todavia, quando descobertos se transformam em feras descontroladas e famintas à procura de sua presa.

Nem sempre é possível compreender, de imediato, essas circunstâncias: – a ingratidão do amigo, a agressividade do parente; – a perseguição de um confidente de outrora; – a maldade do semelhante, enfim, o desamor.

Esses são os lobos que vivem nos prados da alma do ser humano que livremente correm e se alimentam da infelicidade alheia.

Todavia, os soldados do bem de hoje, mesmo que experimentados na fé e quando colocados nas arenas da Vida, se transformam em gladiadores, não os da Roma de outrora, que empunhavam armas de morte, mas, e, principalmente, se utilizam da espada do silêncio, da lança da compreensão, do escudo do amor e da armadura da lealdade.

Incompreendidos, perseguidos, agredidos, “crucificados”, sacrificados, e, mesmo assim, permanecem firmes, leais, fiéis e convictos de seus propósitos de fraternidade, justiça, verdade e paz de consciência.

Por estares, ainda, vivendo na Terra, certamente, no teu círculo de amigos, com os quais partilhas sonhos e desilusões, não faltam aqueles que cultivam a ingratidão, a calúnia, a inveja, a intolerância, a mágoa, o ódio e a violência.

Esse quadro é exemplo vivo da fome de amor que se alastra perto de ti, e pelos quadrantes da Terra, é o ser humano solicitando-te acolhimento e amparo, compreensão  como remédios para as enfermidades da alma.

És instrumento divino nas Mãos do Senhor, a espalhar dignidade, apaziguamento, servindo a todos com teu exemplo e dedicação.

A grandeza do ser humano pode ser medida por sua capacidade de perdoar, esquecer, resistir ao mal, agir no bem e, principalmente,  de amar.

Caminha confiante entre os lobos, porque estás sob a proteção de Deus.

Até Sempre. Fernando Cesar.  21.10.2016

 “Olhai, vigiai e orai, pois não sabeis quando chegará o tempo”.

Não há fórmula mágica para a vigilância quando pensamos, agimos e através das palavras demonstramos nosso mundo interior.

Longe se vai o tempo em que a palavra detinha a verdade e confiança entre os indivíduos, valendo como sentença, compromisso assumido.

Longe se vai o tempo de selar as relações entre os homens, com um fio do bigode, sendo a marca de honorabilidade com o compromisso empenhado.

Longe se vai o tempo em que um simples aperto de mão demonstrava gesto cavalheiresco de igualdade e de ponte estrutural da fraternidade e do respeito.

Longe se vai o tempo em que a admiração e cordialidade transpareciam nas reuniões sociais, religiosas, inclusive, políticas, onde e quando os companheiros se entregavam decididamente aos propósitos almejados.

Longe se vai o tempo quando um olhar, um sorriso, um aceno, além de fortalecerem os laços de amizade, semeavam irmandade entre tantas diferenças.

Quando se perdem essas bases sólidas de conduta ensinadas pelos antepassados e assimilados pelos exemplos daqueles que assumiram o compromisso de guiar e orientar os seres, para que cada qual seguisse sua jornada de aperfeiçoamento.

É preciso olhar, examinar, ponderar, refletir, a cada dia, porque em cada relacionamento, por ignorância, ainda surgem resquícios de inveja, parcelas de maldade, porções de egoísmo, cotas de vaidade e orgulho, enfim, as imperfeições se fazem, ainda, presentes, com certa frequência, criando obstáculos à espontaneidade e à fé.

Refletir, pensar, meditar são necessários, visto que, ainda agimos ao primeiro impulso, e, nem sempre logramos êxito nesses atos, porque a realidade dos fatos, quase sempre é bem diversa daquela que a primeira vista se nos apresenta.

Fiscaliza, com cuidado, se as sugestões que se apresentam e chegam ao centro de tua alma, para que não ajas precipitadamente, desviando-te da tua melhor caminhada.

Lembra-te que a colheita não acontece antes da plantação; que uma semente tem o tempo certo para germinar, inclusive, depende de diversos fatores internos e externos para seguir, em breve futuro, a floração e a frutificação.

És único no universo da Criação, e, por isso, amado, imensamente pelo Criador que em ti depositou todos os condicionamentos e chances para a tua felicidade.

Lembra-te que é necessário que faças algo mais que o próprio dever, em teu benefício e em benefício dos outros, criando um halo de simpatia e bom-ânimo diante de tua trajetória.

Por onde seguires, te esforces por plantar flores e deixar exemplos de bondade e cooperação, isto porque, aqueles que passarem pelos mesmos caminhos, certamente te abençoarão os gestos de bondade, dizendo “benditas as mãos que semearam flores pelos caminhos da vida”.

Não temas as tempestades que surgirem, as contrariedades que enfrentares, as traições que experimentares, os sofrimentos que suportares, são as lições que deves assimilar. As preces te renovarão as energias.

Alegra-te pelo que já vivenciaste, pelo que hoje passas e pelo amanhã que te ensinará a AMAR MAIS.

Espera, porque o Céu sempre te socorrerá.

Longe se vai o tempo…,  mas não desistas de sonhar.

Até Sempre. Fernando César. 21/10/2016