Outros Caminhos
Prioridades! Mercado Financeiro! Oscilacões! Expectativas, decisões, omissões, transgressões de obrigações que deveriam, mas, deixam de ser rotineiras. Como resistir? Pensamentos entrecortados. Mente voltada para conquistas. Valores, poder, tecnologia à prova de qualquer circunstância do que seja a favor de desesperadamente ter, possuir, ganhar. Ganhos que oscilam, trazendo alegrias, tristezas, angústias, tensões. Ter, acima de tudo.O poder ocupando pensamentos,palavras,ações.Incapacidade de v er, ser, observar. Corpo retesado, respiração difícil, olhar voltado para os números, os resultados transitórios, numa quase loucura. Perda! Desengano, decepção, amargura, solidão, pressão. Expectativa, depressão. Sentimento de perda, inutilidade. Raiva, descompasso, angústia! Tudo fora pensado, projetado! Não podia acontecer! E agora? Como sobreviver? Dia amanhecendo, olhar perdido. A mesma roupa. Nem se lembra de como voltou para casa. Atravessa a rua, caminha a esmo, precisa respirar! Local aprazível em frente ao mar. Sentia-se como se estivesse em outro mundo. Quanto tempo! Como lutara para poder morar ali. O mar, a paisagem, o barulho das ondas; um pássaro parece querer avisá-lo que a vida continua. A brisa em seu rosto. Os vendedores de coco, as pessoas que caminham apressadas seguindo seu ritmo. Envergonha-se! Seu terno caro destoa das roupas simples, confortáveis, esportivas. Parece que está separado do mundo. Seu mundo, durante muito tempo era outro. Aos poucos, consegue respirar. Lembra-se dos amigos que desistiram de procurá-lo. Seus parentes que se acostumaram com desculpas. Estava só! Que vontade de revê-los! Levanta-se e tenta atravessar a rua movimentada. Precisa de um banho. Precisa voltar à vida!
Uma criança chega correndo, tropeça, esbarra e segura suas pernas para não cair. Ele olha, a babá se desculpa e a criança ri para ele! Bendito sorriso! O sol começa a esquentar. Pensa na inutilidade de sua vida e no sorriso da criança. Tem vontade de sorrir e cumprimentar o porteiro, mas, não consegue. O interfone toca! É uma moça com uma criança! Desce, e curiosamente olha para os dois ali parados. A babá se desculpa e diz para a criança devolver o lenço. O menino olha para ele e estende os bracinhos e o lenço. Pega-o no colo e tem vontade de chorar com o carinho da criança junto ao seu coração. Os dois saem e deixam a esperança. Ele não sabe como nem porquê, mas sente que pode e vai tentar mu dar de vida. Vai tentar ser. A lembrança daquele sorriso, a espontaneidade daquela criança o ajudará. Talvez não saiba mais rezar, mas sabe, ainda, agradecer. Outro caminho!
Lawrence Jourdan