Migalhas
Pequenas sobras que, distraidamente, vamos nos desfazendo. Paradoxalmente, se bem utilizadas, sem dúvida, poderiam saciar a fome física, emocional, social. Mas, dificilmente arranjamos tempo. Não possuímos “olhos de ver,” “ouvidos de ouvir,” e, principalmente o ter compaixão, sem julgamentos e críticas. Deixamos de falar a palavra que iria consolar, o sorriso que poderia surpreender, o gesto que acolheria sem evidenciar desinteresse e sim, compreensão. Mas, como, usualmente, ”doamos”? Com humildade ou apenas satisfazendo nosso ego de forma efêmera, inconstante, sem compaixão. Não sustentamos nem o olhar. A pressa nos domina, a falta de tempo, a desculpa do trabalho p ermanece. Afinal, não somos “palmatória do mundo”. Perdão, benevolência, indulgência, não é para nós; Somos só cumpridores de deveres e obrigações. Temos sérios e inadiáveis compromissos. O pobre, o enfermo, o desajustado, desamparado, o transgressor, aquele que é desprezado, nos incomodam. Não pensamos nem queremos auxiliá-los. Será que tem jeito? Só mesmo DEUS. Criticamos sem piedade, repletos de razão. Benfeitores trabalham e nos intuem incansavelmente. A lágrima de emoção e alegria que iria redimir, nos melhorar, aprimorar, não brilha, não acontece, e é substituída, não é nem vista ou experimentada. Fé, paz interior, caridade, tudo se perde no tempo. Mal olhamos para nós! O autoconhecimento, tão necessário, é relegado a segundo plano. Quando… Migalhas de justiça, compreensão, abnegação, deixam de ser distribuídas, multiplicadas, mas a vida, um dia, nos transformará e saberemos todos verdadeiramente auxiliar, e nos auxiliar, pe la vontade, altruísmo, desapego, compreensão. Aí é que teremos encontrado o caminho que nos conduzirá à paz, a alegria interior sem medos ou instabilidade. Concessões a nós mesmos! Paz e bem!
(Lawrence Jourdan)