Distribuição de Afeto
Sonia, enfermeira chefe de uma pequena clínica não se conformava com tantas arbitrariedades que impediam um trabalho útil e eficaz. Aliado aos baixos salários e ao quase total descaso das autoridades, e outras contrariedades anulavam o esforço de quem se comprometia em minorar as dores e angústias de pacientes que lotavam as três enfermarias. Teve a idéia, depois de inúmeras tentativas de superar as dificuldades, de reunir o grupo dos que como ela , lutavam com garra para a superação dos obstáculos. A prioridade seria para as crianças que eram a maioria, e os idosos. Pré estabeleceram horários, mudaram agendas, intensificaram os atendimentos mais graves. No dia marcado, aconteceu a apresentação com músicas, brincadeiras, acompanhadas de objetos coloridos, alegria, descontração e muitos sorrisos. Mães, ao lado de seus filhos enfermos, se surpreenderam com a animação, o entusiasmo contagiante com que os participantes envolviam a todos. A energia parecia fluir e contagiar o ambiente que ficou mais leve e acolhedor. Cada criança era chamada pelo nome e convidada a participar do jeito que pudesse. Emoção, abraços, carinhos. Fantasias coloridas, mímicas pelos fantoches, animação de palhaços, tudo contribuía para um entrosamento que parecia impossível de acontecer. Sorrisos e abraços espontâneos tornaram a primeira tentativa de mudança, um absoluto sucesso.
O importante, sem dúvida era o que a equipe já havia previsto. O afeto contribuindo para a auto-estima e consequentemente a melhora física. Muitos já perguntavam como poderiam participar embora ainda presos aos leitos. Novo interesse se fez presente e a conclusão de que com o olhar afetuoso, o amor, o altruísmo, a esperança sempre se faz presente.
( Lawrence Jourdan)