LUZES DA CIDADE
Caminho ao anoitecer pela cidade. Ritmo alucinante de pessoas, trânsito, brilhos e luzes, barulho. Lojas bonitas parecendo que disputam qual a mais enfeitada e iluminada.
Pessoas com sacolas que parecem ocupar maior lugar do que deveriam. Um ar de cansaço e impaciência nos motoristas, pedestres, transeuntes. Árvores de Natal, enfeites, novamente os brilhos que resplandecem.
Pessoas me esbarram às vezes distraídas ou sou eu que consigo estar distraído?
Outros em celulares como se fossem a única opção. Sinto a urgência em seus rostos. Parece que fogem da solidão interior na tentativa da comunicação. Técnicas maravilhosas. O mundo conectado. Inteligências dedicadas 100% (cem por cento) à internet.
Globalização! Aparelhos cada vez mais sofisticados dominam o mundo dos negócios e realizações. O poder em evidência. Tudo pode ser realizado e decidido em pequenos aparelhos. Competição pela marca, qualidade e supremacia nos resultados.
De repente, numa loja, um boneco de neve de luvas, chapéu e cachecol ao lado do gordo Papai Noel “sorri” para mim. Sua expressão me fez lembrar do menino que fui, caminhando pela rua onde morava, há muitos anos atrás.No meu pedido, no bilhetinho à Papai Noel, estava toda a emoção de poder ganhar a 1ª bicicleta. Sabia que seria quase impossível pela situação econômica de meus pais. Mais ela veio; de 2ª ou 3ª mão, mas foi a maior alegria que tive nos meus 7 anos de vida.
Mas, o que mais me recordo era a emoção estampada no rosto deles na noite de Natal. Paro para pensar: Tudo fora de moda: a gentileza, os sorrisos, a soma de esforços para todos terem a união com o necessário, sem fortuna mas com os abraços e os desejos de boas e sinceras realizações. Não me lembro dessa disputa, desta correria desenfreada, desta concorrência, desta tecnologia. Mas lembro da espontaneidade, da afeição das conversas entremeadas com risos e considerações otimistas. Corações plenos de solidariedade pois todos se ajudariam. Afinal de contas era Natal e até rezávamos juntos, agradecendo sempre. Onde foi parar o meu lindo Natal? Quem sabe, estou exagerando e hoje, na era da tecnologia, ainda poderei confiar em amigos, abraçá-los e desejar um Feliz Natal? Pelo menos, os símbolos são os mesmos, apenas “enriquecidos”.
Senhor Jesus: faça com que a espontaneidade da criança, a brisa, o recuo das marés, a força da cachoeira, os cantos dos pássaros, o brilho das estrelas, a utilidade da chuva, a energia do sol, ainda possam agir na emoção das pessoas. Que elas ainda tenham olhos para ver, ouvidos para ouvir, e coração para sentir.
Este é hoje, o meu pedido de Natal. Será que terei a felicidade ainda de ver o sorriso espontâneo ou uma verdadeira lágrima de emoção? Quem sabe? Afinal de contas, é Natal!
Um espírito amigo (Lawrence Jordan) 17 12 2012